quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Seu Pedido


Seu Pedido

Vs. 8-9 – Somente após uma introdução cuidadosa, terna e extensa é que Paulo prossegue com o propósito de sua carta. Mesmo assim, ele adia seu pedido para lembrar a Filemom de que ele não estava afirmando sua autoridade apostólica e impondo algo a ele nesta questão. Ele preferiu suplicar a Filemom em prol do amor, como sendo o servo idoso e prisioneiro do Senhor. Ele poderia muito bem, como apóstolo, ter dado uma ordem a Filemom, mas preferia ver aquilo que estava prestes a solicitar ser realizado pela graça e amor Cristãos. Assim, ele diz: “Pois bem, ainda que eu sinta plena liberdade em Cristo para te ordenar o que convém, prefiro, todavia, solicitar em nome do amor, sendo o que sou, Paulo, o velho e, agora, até prisioneiro de Cristo Jesus” (ARA). Ele contava com o amor fraterno trabalhando no coração de Filemom para responder a seu pedido, pois o amor é “um caminho ainda mais excelente” de lidar com questões e problemas entre os santos (1 Co 12:31). Ser um servo “velho” foi intencional para inspirar o respeito de Filemom, e ser um “prisioneiro” do Senhor inspiraria sua empatia.
Vs. 10-12 – Finalmente, Paulo chega ao seu ponto e faz seu pedido para o qual a carta foi redigida. Ele roga a Filemom em nome de Onésimo, que havia sido notavelmente salvo por meio de Paulo. Ele diz: “Peço-te por meu filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões: o qual, noutro tempo, te foi inútil, mas, agora, a ti e a mim, muito útil; eu to tornei a enviar. E tu torna a recebê-lo como às minhas entranhas”. Ao chamar Onésimo de “meu filho”, Paulo indicou carinhosamente que Onésimo agora era um de seus convertidos – ele fora salvo por Paulo! Ele fala de Timóteo e Tito da mesma maneira (1 Tm 1:2; 2 Tm 2:1; Tt 1:4). Pedro fala de Marcos da mesma forma (1 Pe 5:13).
Acompanhando a fé de Onésimo em Cristo, houve uma transformação completa de seu caráter. Ele havia sido “inútil”, mas agora era “útil” no serviço do Senhor. Essa transformação foi uma prova clara de que ele realmente havia sido salvo. Com o argumento de que houve uma verdadeira conversão nesse homem, Paulo faz um pedido triplo a Filemom para “recebê-lo” (vs. 12, 15, 17). Ele gentilmente pressiona Filemom que, uma vez que o Senhor perdoou Onésimo e o recebeu, ele deveria fazer o mesmo. Paulo não pede sua liberdade, mas seu perdão. Acrescentando as palavras: “como às minhas entranhas”, ele expressou sua profunda afeição por esse novo converso.
Vs. 13-14 – Paulo continua explicando por que estava enviando Onésimo de volta a Filemom: “Eu bem o quisera conservar comigo, para que por ti me servisse nas prisões do evangelho; mas nada quis fazer sem o teu parecer, para que o teu benefício não fosse como por força, mas voluntário”. Onésimo se tornara útil para Paulo em seus trabalhos no evangelho, mas Paulo sabia que Onésimo pertencia a Filemom, e mantê-lo lá em Roma teria passado por cima dos direitos de Filemom. Ele, portanto, achava que essa questão de transgressão pessoal deveria ser resolvida antes que qualquer outra coisa fosse considerada. Onésimo deve ter concordado com isso porque estava disposto a voltar para Colossos e enfrentar seu mestre. Era uma distância considerável a percorrer – estava em outro continente! Sua vontade de voltar e consertar as coisas com Filemom era outro sinal de que ele era verdadeiramente um homem arrependido. Assim, Paulo não faria nada sem o consentimento de Filemom nesse assunto. A amabilidade e sabedoria que ele usa ao se dirigir a Filemom são instrutivas; fornecem-nos um padrão de graça Cristã ao lidar com assuntos interpessoais entre os santos.
Paulo não chegou ao ponto de pedir que Onésimo fosse colocado em liberdade para que pudesse retornar ao seu lado no serviço; ele deixou essa escolha inteiramente para Filemom. Ele não o pressionou de maneira alguma. Se Filemom pretendia enviar Onésimo de volta a Paulo, ele queria que esse “benefício” viesse de Filemom, e não fosse algo feito “por força”, porque havia sido ordenado pelo apóstolo.
Vs. 15-16 – Paulo acrescenta: “Porque bem pode ser que ele se tenha separado de ti por algum tempo, para que o retivesses [o recebas – ARA] para sempre, não já como servo [escravo]; antes, mais do que servo [escravo], como irmão amado, particularmente de mim e quanto mais de ti, assim na carne como no Senhor?” Ao sugerir que Onésimo talvez tenha partido “por algum tempo”, ele sugeriu que tudo havia sido ordenado nos caminhos providenciais de Deus e, portanto, tudo isso fazia parte do plano de Deus (Pv 16:33; Jr 10:23). O princípio por trás de tudo aqui é que, mesmo nas falhas e fracassos dos homens, Deus pode tirar o bem do mal. Ele pode usar essas falhas e fracassos para realizar Seu propósito na bênção dos homens (Sl 76:10).
Ele, portanto, pede a recepção de Onésimo com base no perdão fraterno, já que agora era “um irmão amado”. A breve perda de seu escravo estava sendo recompensada pelo ganho permanente de um irmão! Filemom se beneficiaria dessa obra da graça em Onésimo de duas maneiras: primeiro, “na carne” por ter seu servo de volta e, segundo, “no Senhor” por ter um irmão no Senhor.

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