Seu Pedido
Vs. 8-9 – Somente após uma introdução
cuidadosa, terna e extensa é que Paulo prossegue com o propósito de sua carta.
Mesmo assim, ele adia seu pedido para lembrar a Filemom de que ele não estava
afirmando sua autoridade apostólica e impondo algo a ele nesta questão. Ele
preferiu suplicar a Filemom em prol do amor, como sendo o servo idoso e
prisioneiro do Senhor. Ele poderia muito bem, como apóstolo, ter dado uma ordem
a Filemom, mas preferia ver aquilo que estava prestes a solicitar ser realizado
pela graça e amor Cristãos. Assim, ele diz: “Pois bem, ainda que eu sinta
plena liberdade em Cristo para te ordenar o que convém, prefiro, todavia,
solicitar em nome do amor, sendo o que sou, Paulo, o velho e, agora, até
prisioneiro de Cristo Jesus” (ARA).
Ele contava com o amor fraterno trabalhando no coração de Filemom para
responder a seu pedido, pois o amor é “um caminho ainda mais excelente” de
lidar com questões e problemas entre os santos (1 Co 12:31). Ser um servo “velho”
foi intencional para inspirar o respeito de Filemom, e ser um “prisioneiro”
do Senhor inspiraria sua empatia.
Vs. 10-12 – Finalmente, Paulo chega ao
seu ponto e faz seu pedido para o qual a carta foi redigida. Ele roga a Filemom
em nome de Onésimo, que havia sido notavelmente salvo por meio de Paulo. Ele
diz: “Peço-te por meu filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões: o qual,
noutro tempo, te foi inútil, mas, agora, a ti e a mim, muito útil; eu to tornei
a enviar. E tu torna a recebê-lo como às minhas entranhas”. Ao chamar Onésimo de “meu filho”,
Paulo indicou carinhosamente que Onésimo agora era um de seus convertidos – ele
fora salvo por Paulo! Ele fala de Timóteo e Tito da mesma maneira (1 Tm 1:2; 2 Tm
2:1; Tt 1:4). Pedro fala de Marcos da mesma forma (1 Pe 5:13).
Acompanhando a fé de Onésimo em Cristo, houve
uma transformação completa de seu caráter. Ele havia sido “inútil”, mas
agora era “útil” no serviço do Senhor. Essa transformação foi uma prova
clara de que ele realmente havia sido salvo. Com o argumento de que houve uma verdadeira
conversão nesse homem, Paulo faz um pedido triplo a Filemom para “recebê-lo”
(vs. 12, 15, 17). Ele gentilmente pressiona Filemom que, uma vez que o Senhor
perdoou Onésimo e o recebeu, ele deveria fazer o mesmo. Paulo não pede sua
liberdade, mas seu perdão. Acrescentando as palavras: “como às minhas entranhas”,
ele expressou sua profunda afeição por esse novo converso.
Vs. 13-14 – Paulo continua explicando
por que estava enviando Onésimo de volta a Filemom: “Eu bem o quisera
conservar comigo, para que por ti me servisse nas prisões do evangelho; mas nada
quis fazer sem o teu parecer, para que o teu benefício não fosse como por
força, mas voluntário”. Onésimo
se tornara útil para Paulo em seus trabalhos no evangelho, mas Paulo sabia que
Onésimo pertencia a Filemom, e mantê-lo lá em Roma teria passado por cima dos direitos
de Filemom. Ele, portanto, achava que essa questão de transgressão pessoal
deveria ser resolvida antes que qualquer outra coisa fosse considerada. Onésimo
deve ter concordado com isso porque estava disposto a voltar para Colossos e
enfrentar seu mestre. Era uma distância considerável a percorrer – estava em outro
continente! Sua vontade de voltar e consertar as coisas com Filemom era outro
sinal de que ele era verdadeiramente um homem arrependido. Assim, Paulo não
faria nada sem o consentimento de Filemom nesse assunto. A amabilidade e
sabedoria que ele usa ao se dirigir a Filemom são instrutivas; fornecem-nos um
padrão de graça Cristã ao lidar com assuntos interpessoais entre os santos.
Paulo não chegou ao ponto de pedir que
Onésimo fosse colocado em liberdade para que pudesse retornar ao seu lado no
serviço; ele deixou essa escolha inteiramente para Filemom. Ele não o
pressionou de maneira alguma. Se Filemom pretendia enviar Onésimo de volta a
Paulo, ele queria que esse “benefício” viesse de Filemom, e não fosse
algo feito “por força”, porque havia sido ordenado pelo apóstolo.
Vs. 15-16 – Paulo acrescenta: “Porque
bem pode ser que ele se tenha separado de
ti por algum tempo, para que o retivesses [o recebas – ARA] para sempre, não já como servo [escravo];
antes, mais do que servo [escravo], como irmão amado, particularmente de mim e quanto mais de ti,
assim na carne como no Senhor?” Ao sugerir que Onésimo talvez tenha partido
“por algum tempo”, ele sugeriu que tudo havia sido ordenado nos caminhos
providenciais de Deus e, portanto, tudo isso fazia parte do plano de Deus (Pv
16:33; Jr 10:23). O princípio por trás de tudo aqui é que, mesmo nas falhas e fracassos
dos homens, Deus pode tirar o bem do mal. Ele pode usar essas falhas e fracassos
para realizar Seu propósito na bênção dos homens (Sl 76:10).
Ele, portanto, pede a recepção de
Onésimo com base no perdão fraterno, já que agora era “um irmão amado”.
A breve perda de seu escravo estava sendo recompensada pelo ganho permanente de
um irmão! Filemom se beneficiaria dessa obra da graça em Onésimo de duas
maneiras: primeiro, “na carne” por ter seu servo de volta e, segundo,
“no Senhor” por ter um irmão no Senhor.
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