O Valor Prático da
Epístola
Como hoje a escravidão humana foi
proibida em todos os países da Terra, podemos estar inclinados a pensar que
essa epístola não tem relevância prática para nós. Podemos até nos perguntar
por que ela está incluída no cânon da Escritura. No entanto, os mesmos
elementos básicos envolvidos no problema que Paulo estava abordando ainda
surgem hoje entre o povo de Deus. O conselho e a sabedoria que Paulo aplicou a
essa situação pode ser tomado e aplicado às situações que possamos enfrentar.
As circunstâncias serão diferentes, mas os princípios envolvidos são
praticamente os mesmos.
Devido ao fato de os santos ainda terem
a carne, os problemas podem surgir em nossos relacionamentos pessoais. Pessoas
serão maltratadas, e ofensas serão acolhidas e resultarão em rupturas na
comunhão dos santos. Como foi o caso aqui, na maioria dos problemas
interpessoais haverá um ofensor e haverá uma parte ofendida; e muitas vezes,
haverá alguém que atuará como um pacificador para tentar ajudar as duas partes
a resolver o problema de uma maneira que honre o Senhor. Nesta situação,
Onésimo era o ofensor, e Filemom e sua esposa (Ápia) eram a parte ofendida, e
Paulo agia como o pacificador. Aprendemos com esse incidente que o ofensor
precisa confessar seu erro (Lc 17:4), e aqueles a quem ele ofendeu precisam
genuinamente perdoá-lo em seu coração (Mt 18:35). E o pacificador pode
encorajá-los a fazê-lo genuinamente. Assim, somos instruídos nesta curta
epístola a respeito de como a graça e o amor Cristãos resolvem problemas
sociais que surgem entre os santos para a glória do Senhor e para o bem de
todos os envolvidos.
J. N. Darby comentou: “A epístola serve
mais para produzir esses sentimentos no leitor mais do que ser o objeto da
explanação” (Synopsis of the Books of the Bible, edição Loizeaux, vol.
5, pág. 258). Assim, ao meditar no caminho que Paulo empreendeu para resolver o
problema que eles estavam enfrentando, o Espírito de Deus gera em nós o mesmo
espírito de amor e graça que encontraria um meio de se manifestar em nossos
irmãos. Portanto, esta epístola é muito aplicável a nós hoje.
A primeira lição prática que aprendemos
dessa situação é que as questões de ofensa pessoal entre irmãos devem ser
resolvidas o mais rápido possível. Se as rupturas na comunhão dos santos forem
deixadas sem solução, elas podem degradar e crescer, e outros podem ser
contaminados, por se envolver na situação (Hb 12:15). O inimigo de nossa alma
(Satanás) pode, e irá, usá-las para destruir uma assembleia.
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